Capítulo 57.

Mais um mês se passou, e tudo continuava na mesma. Eu estava no meu terceiro mês de gestação, já que descobri que estava grávida quando estava com um mês. Cada dia que passava, mais minha saudade do Luan aumentava. Há alguns dias havia saído na tv que ele estava magro, e muito abatido.. Alguns até cogitaram ser alguma doença, e outros que era por algo familiar. Como pedido pela sua assessora, não havíamos assumido separação, nem a gravidez pra ninguém, além dos familiares. Minha mãe estava em fortaleza com a minha avó, estava sabendo de tudo, e até cogitou morar comigo de novo, mas eu preferi que ela ficasse por lá. Lorenzo havia se separado de Flávia, por motivos que ele não quis me contar. Meu filho estava adorando a escola, a cada duas semanas, ia pra São Paulo com Lorenzo, passar uns dias com o pai. 

- Mamãe.. Eu quero cantar! - Gabriel falou enquanto almoçávamos sozinhos. 

- Cantar? Por quê? - perguntei. 

- Porque eu quero ser igual ao meu pai! - ele falou orgulhoso. - Eu gosto de cantar, mamãe. 

- Ah, gosta? - perguntei. 

- Gosto sim! Quero ser famoso igual ao papai. Ele disse que vai me levar a um programa de tv. 

- Quando? 

- Não sei, mamãe.. Mas quero ir sabe em qual? 

- Qual? 

- No da Eliana ou Caldeirão! 

- Ah é? - dei uma risadinha. - Você vai virar um cantor bem bonitão, meu lindo! - apertei suas bochechas e ele fez careta. 

- Para, mamãe! Eu já sou um homenzinho! 

- Ta bom, homenzinho! Já está pronto pra ir na escola? 

- Já sim! 

- Pegou sua lancheira? 

- Já, mamãe! Vamos logo.. - falou levantando e foi pegar suas coisas correndo. 

Desde pequeno ele tinha essa mania de sair correndo, eu até achei que iria ser atleta, mas pelo visto, ia ser cantor. Muito me admira, afinal, filho de peixe, peixinho é. Deixei meu filho na escola e voltei pra casa. Só quando eu estava sozinha, eu tinha um choque de realidade, e começava a chorar desesperadamente. E apesar de rir e fingir para os outros que não me importo mais, eu me importo sim. Eu ainda sofro. Calada, mas sofro. Meu celular tocou, era Bruna. Ela sempre ligava na mesma hora, todos os dias.. Era como um ritual. 

- Oi Bibizinha! - ela falou animada. 

- Oi Bru! - funguei. 

- Ei, o que foi? Você estava chorando? 

- Aí, Bru.. Você já teve a sensação de se sentar e começar a imaginar qual o sentido que existe em tudo de errado que acontece com você? Se a vida é sempre assim, ou se há algo maior lá fora? Ou se você estava destinado a ter algo melhor? 

- Eu nunca tive.. Mas, você sente falta dele, né? 

- Mais do que você pensa! - funguei de novo. 

- Aí Bi.. Não fica assim! Vocês precisam conversar. Me dói te ver sofrendo aí e ele aqui. 

- Não Bruna! Eu não quero conversar com seu irmão! Pelo menos não agora. 

- Tudo bem.. - falou derrotada e começamos uma conversa de rotina, logo desligamos. 

Como toda grávida eu sentia sono demais, e como estava cedo para buscar Gabriel, decidi dormir um pouco. Só acordei com meu celular apitando, assustei achando que era o despertador, que acionei, pra não perder hora de buscar meu filho. Quando peguei o celular na mão, travei. Era uma mensagem e do Luan. 

"Me traz você, por favor. E leva embora todas essas coisas chatas que só servem para ocupar minhas horas enquanto você não chega. Preciso de você agora!" 

Eu fiquei alguns minutos lendo e relendo aquela mensagem, que era simples, mas fez com que meu coração quase saísse pela boca. Mas afinal, o que ele queria? Ele não estava satisfeito em me fazer sofrer desse jeito? Ele tinha que fazer isso? Decidi não responder, bloqueei meu celular e voltei a dormir. 

Luan narrando. 

Estava deitado no quarto de hotel em Balneário Camboriú, aonde eu teria show. Há alguns dias eu tinha mandado uma mensagem para Bianca, mas não o obtive resposta. Eu estava cada dia mais magro, e mal me alimentava. Eu tinha pesadelos freqüentes com a Bia, e aquilo estava começando a me assustar. Liguei para Bruna assim que acordei após um pesadelo desse. 

- Pi? - ela atendeu. 

- Oi bubu! Tudo bem? 

- Tudo sim, e você? Ta bem? Se alimentando certinho? 

- To sim! - menti. - piroca, você falou com a Bia hoje? 

- Falei sim, por quê? 

- Como ela ta? 

- Triste né!? Igual a você! Mas está de alimentando.. Por conta do bebê. 

- Ah, graças a Deus! 

- Por quê? 

- Estou tendo um sonhos meio ruins com a Bia, Piroca! Ela fica me pedindo socorro. 

- Que estranho, pi! Ela está bem.. Digo.. De saúde né!? 

- Então ta bom! Me dê notícias dela todo dia.. 

- Dou sim! - ela falou e eu respirei aliviado. Sabia que ela me manteria informado. - Mas e você? Ta bem mesmo? 

- Estou destruído, Bru! Mas minhas fãs me fazem um bem danado.. 

- Que bom! E você ta fazendo o que agora? 

- To no hotel! Já já vou na academia.. Acho que se eu ficar nesse quarto vou enlouquecer.. - falei com a voz embargada de choro. 

- Aí meu Deus, Luan!! Eu fico com meu coração na mão vendo vocês dois sofrerem e não poder fazer nada!  

- Ninguém pode! - falei secando umas lágrimas que começaram a cair. - Eu vou desligar, ta? Te amo, bubuzinha! 

- Te amo Pi! Se cuda! - falou e desligamos. 

Fiquei olhando para o teto um tempo, enquanto chorava. Cada dia que passava mais meu peito apertava de saudade. O sorriso dela, o jeito dela. Ela era a mulher perfeita e só eu não via isso. Não é em vão quando dizem que só damos valor depois que perdemos. Apesar de tudo, eu e a Bianca estamos juntos. Perto ou longe, tanto faz, continuamos juntos. Sentia sua presença, seu toque, a sentia. Sentia sua alma perto da minha. Sentia ela dentro do meu peito e da minha mente, pois onde quer que eu olhe, tudo me faz pensar em nela e no quanto eu a amo e a quero perto. Penso nela quase o dia todo, era como se ela estivesse aqui do meu lado, era como se a sua alma estivesse do lado da minha fazendo uma visita. Sentia tanto Bianca perto de mim, que até deixei escapar um sorriso, mesmo chorando. Acho que meu coração também percebeu, pois começou a acelerar tão rapidamente, que pensei que fosse sair do meu peito em direção aos braços dela. Agora sei porque mesmo de tão longe, a sentia aqui, segurando a minha mão. Mesmo longe dos meus olhos, ela estava perto do meu coração. Aliás, estava dentro dele.